sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

a educação dos nossos filhos # 6

O tema da educação continua a preocupar-me, e muitas são as variantes sobre as quais podemos ponderar, já que os nossos filhos são seres únicos, indivíduos complexos, com sensibilidades diferentes, inatas ou adquiridas, fruto de uma mistura exclusiva de ingredientes impossíveis de duplicar.
Todos estamos de acordo relativamente à necessidade de impôr limites, regras, mais ou menos rígidas, mais ou menos explícitas ou implicitamente incluídas na convivência social dos nossos filhos.
Também estamos todos de acordo que a 'dinâmica de grupo', como lhe chamam os especialistas, cria atitudes mais desenvoltas, onde se usam termos que facilitam a integração, se competem por lugares mais destacados, se rivalizam por maiores conhecimentos em música, em informática, em desporto, ou outros, eternos temas para os quais os nossos jovens de sempre são atraídos.
Nada do que eu disse até agora é novidade para os pais minimamente atentos, certo?
Só que hoje, a reflexão terá uma tendência diferente, porque desde que ouvi o espanhol Javier Urra a falar, tenho andado a pensar na educação que os pais nunca puderam ter, pela impossibilidade física de ter contacto com aquilo que hoje, todos os dias, nos entra pelos olhos dentro, sem pedir licença, sem esforço, à distância de apenas um clique.
Exactamente. Falo deste mesmo meio que estou a utilizar agora, o mesmo que me levou a construir um espaço neste blogobairro, que despeja à velocidade de uns quantos mega, informações tão precisas e indispensáveis para os novos formatos de trabalhos de casa escolares, como outras tantas, milhentas, de ilusões, tentações, exposições, ou iscos encapotados para actividades criminosas.
Saberemos, nós, pais, lidar com esta ferramenta? Seremos nós capazes de 'monitorizar' as actividades dos nossos filhos, sempre que eles se ligam à internet? Mais importante ainda, daremos nós o exemplo correcto de comportamento nas ligações virtuais?
Embora pareça um paradoxo, tenho que admitir que muitos são os casos em que os filhos acabam por demonstrar mais maturidade e rectidão nestes assuntos, tantos são os avisos divulgados, tantos os conhecimentos a que têm acesso, tal é o à vontade com que se movimentam neste meio, em que quase aprenderam primeiro a teclar do que a falar.
Duvidam?
Se houver um miúdo de 12 anos, que se encante com a 'ruivadócil_25', pela sua ingenuidade e diversão, que se apresenta com a idade do 'nick', e no fundo está a falar com uma loira oxigenada de 56, pouco será reprovável o comportamento do rapaz, que segue os impulsos e a curiosidade natural à idade, relativamente ao da falsa ruiva, que, muito provavelmente, até será mãe de alguém. Por outro lado, que dizer dos pais e mães que se assustam pela quantidade de contactos que os seus filhos têm no msn ou no hi5 e são capazes de destruir casamentos porque se apaixonam desmedidamente por quem conheceram no chat, de que os colegas lá do escritório tanto falavam, marcam encontros a quilómetros de distância e vivem vidas duplas com desconhecidos?? Compreendo que nunca tenham sido ensinados a lidar com esta realidade, mas o bom senso tudo resolveria, do meu ponto de vista.
Daniel Sampaio escreveu o livro 'Inventem-se Novos Pais'.
Acho que não é preciso. Pelo menos pais destes.



18 comentários:

salvoconduto disse...

Penso que se não devem demonizar as coisas.

Gi disse...

A educação dos pais dos nossos filhos poderia ser o título.
Muito sinceramente acho que estes pais só põem em prática, a coberto do virtual, aquilo que na sua realidade já é (era) comum;
Muitos, acham até, que virutalmente não se "peca" e nem saem da realidade de um écran: é mais confortável.

ANTONIO SARAMAGO disse...

SI, eu já acredito que é tudo o que tem de ser.
Pais que se sacrificam, que batalham a torto e a direito para dar uma educação condigna e no final tudo isso não serviu de nada.
Outros há que nada os preocupa e os filhos saem pessoas dignas.
Claro que isto são excepções, mas acontece.
Tem de se lidar com o saber prender e o saber libertar, não se pode também fazer todas as vontadinhas porque aí o caldo entorna-se e de que maneira.
Como já frizei anteriormente,não é com verdascas ou cintos como antigamente se usava, mas também não é com mel que se apanham abelhas.
Então temos um enorme dilema á nossa volta e no meio de todos os sacrificios que se façam e mesmo dando sempre o nosso melhor, dando o possivel e o impossivel, nunca sabemos para que está guardado o dia de amanhã!
Desculpa se este coment. não está de acordo com a postagem, mas é o que se me apresenta de momento.

Patti disse...

É muito complicado verifcar tudo o que eles fazem por aqui, pois e até nós, somos surpreendidos a cada passo e nos deixamos levar pela magia do virtual.

Neste momento hi5 e msn só nas férias e ela cumpre que eu sei.

Fugindo um pouco ao tema, mas também acerca do virtual, existe um programa da polícia dos EUA, que se infiltram em chats para apanhar pedófilos e afins e também possíveis miúdos que andam ao sabor dessa gente.

Si disse...

Salvo,
Não sei, não. As coisas 'endemonizadas' terão sempre a virtude de criar medo nas pessoas, para que, pelo menos, possam pensar duas vezes nestes assuntos. É que, não sei porquê, mas quando defendo alguns princípios com mais calor, há sempre quem me apelide de 'exagerada', primeiro, e na conclusão do processo lá vem o 'tinhas razão'. Não obrigo ninguém a concordar comigo e cada um pensará à medida das suas próprias atitudes, mas são tantos os casos que conheço ou de que já ouvi falar, que acredito piamente que só mesmo 'endemoinhando' a cena, acredito que lhes acenda uma luzinha lá dentro, daquelas que se usam, mesmo fora da época de Natal.

Si disse...

Gi,
100% de acordo.
Só não mudei o título, como sugere, porque se trata de uma 'rubrica' habitual cá na casa, como sabe.
E o 'pecado' cometido, no conforto do lar, ainda é mais arrepiante, não acha??

Si disse...

António,
O tema é sempre o mesmo: a Educação, por isso, o que diz, adequa-se perfeitamente ao post.
E os seus comentários são sempre bem vindos, pela sua capacidade de transmitir emoções reais, de uma forma muito particular.
Agradeço sempre a sua visita

Anónimo disse...

Ora bem... Venho eu com a boca adoçada, ( como habitualmente comecei a visita ao blogobairro, passando pelas casinhas das comadres) e chego aqui e lá se vai a doçura toda!
Pois a verdade é que tenho meditado e discutido muito sobre o assunto que hoje nos coloca, cara Afilhada! Devo dizer-lhe que as respostas-justificativas que ouço da maioria dos pais, não me convence nem satisfaz.
Em relação ao livro do Daniel Sampaio , penso que o seu desejo de inventar novos pais nada terá a ver com estes de que fala. desses, subscrevo, os filhos não precisam...

BlueVelvet disse...

Si,
é verdade que net veio mexer com todos os aspectos da nossa vida, e os filhos também foram apanhados.
Muita coisa que aprendi foi com os meus filhos.
Mas eu tenho um espírito de curiosidade muito grande por todas as coisas, desde a net aos mp3 passando pela loucura do Wii.
Só que tenho para mim, que se estiverem bem preparados não há loira nem ruiva que lhes dê a volta.
Os meus, por exemplo, são ainda mais fundamentalistas do que eu.
Uma vez,só uma vez, por graça, num post sobre Nova Iorque, pus uma fotografia minha a andar de bicicleta, e minutos depois tinha os dois aos saltos para eu tirar a fotografia, Já!E tive que tirar, que não me largaram.
No fundo, os valores que como pais les incutimos florescem. São como as plantas. Tudo depende das sementes.
Quanto ao Daniel Sampaio, passo.
Beijinhos de mim para Si

Si disse...

Patti,
Exactamente. São as tais regras que devemos aplicar, tanto aos nossos filhos como, e principalmente, a nós próprios, sendo que o perigo particular para os adultos é o excesso de confiança em si próprios, por acharem que controlam perfeitamente as situações. E esse é o pior erro que podem cometer.
Quanto a esse programa, sei perfeitamente do que fala e é de 'assistência obrigatória' lá por casa (ou pelo menos sempre que possível...) sendo que o post de hoje é um pouco o resultado disso, embora como introdução, porque já tinha agendado voltar, para a semana, a este assunto, com os exemplos concretos das barbaridades que aí se vêem.

Si disse...

Carlos,
Lamento o amargo de boca que lhe causei, mas 6ª feira é 6ª feira e ainda há muito para discutir sobre este tema. Tal como disse à Patti, o post de hoje serve de introdução ao que na próxima semana servirá para descrever o lado negro da net.
Quanto ao Daniel Sampaio, de quem, como sabe, tenho o livro, certamente que não serão estes os pais a inventar, mas olhe que muitos dos casos que ele apresenta também não são 'bons inventos'....

Si disse...

Velvet,
Pois, como eu disse no post, até acho que os filhos acabam por estar mais bem preparados para lidar com estas situações, tanta é a informação e apelo a esse respeito.
A minha dúvida é mesmo sobre os pais, que, como adultos, pensam, erradamente, que sabem sempre o que estão a fazer e que nunca verão nas costas deles o que criticam nas dos outros...

Coragem disse...

O tema da educação sempre me preocupou!
mas o que trás hoje até nós, é um assunto muito interessante...

O facilitismo com que as coisas por estes lados acontecem, dá origem a mesmo nós adultos cairmos em erro, em...tentações!

Com os filhos, estou atenta, e quero ter a prática, para não resultar apenas em teoria, que provavelmente eles nunca aceitariam.

Assim, sei do que falo, coloco provas em cima da mesa...
A maior informação, faço questão que seja dada por mim.
A minha mais pequena até já participou num video para a escola segura, foi uma optima experiencia.

Também eu falei dos filhos, num ponto de vista diferente, mas que de certa maneira se cruza.

Um beijinho e um excelente fim de semana

Miepeee disse...

Para nao variar, gostei muito deste post. Abordou um tema que tambem me preocupa, na verdade a Bia so tem 7 anos, mas o tempo passa depressa e mais tentacoes estao por chegar.
Penso que a solucao passa pela educacao que lhes damos, mostrando o bom e tambem um pouco do mau, para que tenham consciencia de que nao acontece so aos outros. Calma, nao estou a dizer que mostro coisas mas a minha filha, apenas lhe falo que existem, por exemplo, sempre que lhe digo para nao ir a lado nenhum com alguem que desconhece porque essas pessoas vao fazer-lhe mal.
Como ja disse ainda me falta algum tempo para que a Bia se inicie no mundo cibernautico mas nao deixo de estar alerta e ir desde ja alertando-a para os perigos.
Beijinho.

Si disse...

Coragem,
É preciso ser mesmo corajosa para ir à frente, enfrentar os perigos e inventar sózinha a maneira de os resolver, em defesa dos filhos.
Houvesse mais pais a seguir o seu exemplo. Desses, é que haviam de ser inventados.
Beijinhos

Si disse...

Miepeee,
Hoje, já é raro que uma criança de 7 anos ainda não mexa num pc, quase tão bem ou até melhor que muitos adultos, mas acho que faz muito bem, desde já, ir sensibilizando para todos os perigos, especialmente, através dos exemplos que asseguram que nem os adultos sabem muito bem como lidar com a maior parte das situações em que podem, repentinamente, ser envolvidos.
Obrigada, beijinhos e bom fim de semana ... prolongado(???)

1/4 de Fada disse...

Não vou ler o que está para trás para não ser influenciada, vou apenas dar a minha opinião sobre a internet e os seus malefícios ou benefícios.
Como a Si sabe, tenho 2 filhos muito diferentes. O meu filho é viciado na net. Tem hi5 com mais de cem (penso eu, se calhar é mais, pode ser menos) "aderentes", vive agarrado ao msn ao ponto de eu ficar louca, conhece os truques todos que se possa imaginar sobre o assunto. Está mais do ciente dos perigos que este tipo de coisas envolve, foi alertado muito cedo por mim, pelo pai, pelos professores e no entanto já conheceu gente através do hi5!!! Eu dei por ela, pedi ajuda ao pai e andámos a vigiá-lo sem ele saber, porque tinha na altura 15 anos. Descobrimos que a coisa era inofensiva e que, afinal, ele não era tão parvo como pensávamos, mas não ganhámos para o susto. Mas por aqui se vê que é essencial que andem informados, que nós pais sejamos imensamente atentos e que façamos os impossíveis para andar em cima do acontecimento, o que nem sempre é possível.
Quando eu comecei nesta "coisa" de blogues, é curioso que foi precisamente o meu filho que se mostrou - e mostra - mais avesso à situação. Detesta. E explicou-me claramente porquê: acha que sou demasiado inocente e desprotegida para "estas vidas" (palavras dele).
E está constantemente a avisar-me de toda a espécie de perigos que existem e a contar-me casos que conhece ou de que ouviu falar, deixando-me verdadeiramente boquiaberta com a maturidade que mostra. Invertem-se os papeis, toma ele conta de mim, como se isso fosse necessário. Ele já se esqueceu de que uma das pessoas que o avisou de todas as coisas que ele sabe fui eu!
Mas a verdade é que as coisas que ele me disse já me foram úteis...
Interessante, não é? Este é o gémeo que é imensamente desmiolado, com quem eu preciso de ralhar, que eu vigio, que precisa de regras e de rédea curta!
Dá que pensar, não é verdade?

Si disse...

Fada,
É por isso mesmo que eu acho que, neste caso, os pais é que deviam ser orientados nesse sentido.
Os filhos acabam por se movimentar tão bem nesta área que acabam por nos surpreender.
Beijinhos e obrigada pela sua intervenção