Olha lá, ó Vento!
Que tens tu contra mim?
Porque m’ atiras teu lamento,
uivo gemido em frenesim?
Achas-te muito poderoso,
é, um colossal irascível,
só porque, mesmo furioso,
o teu rosto é invisível?
A isso chamo eu traição,
o não ver claramente,
quem nos ergue a mão,
num açoite permanente.
Levantas o chão em fúria,
tão rabugento e rugidor
pra logo vir com a lamúria
de que sopras por amor?
Não, não pode ser!
Apaixonado, meu amigo?
Eu vou lá poder crer,
que precisamente contigo
isso possa acontecer!!
Mas que paixão funesta
te dará a motivação
de vergar mato e floresta,
em tom de furacão?
Que telhas e telhados
te impedem de amar
se não são eles os culpados
nem te podem ajudar?
Ora diz-me lá, a ventar,
de quem tu gostas realmente,
mas diz-me devagar,
pra perceber exactamente…
Quem? Tu endoidaste?
Esse nome qu’inda agora
tu me segredaste,
saiu-te pela boca fora,
ou comigo brincaste?
Enamorado pela Lua,
que tão longe foi morar,
e tu, que loucura tua,
achas que lhe vais chegar?
Abranda, amigo Vento,
escusas de te esforçar,
volta a soprar lento,
que não a podes conquistar.
O Sol já a levou, cortês,
num cruzar de raios tal,
que uma filha logo lhe fez
chamada Aurora, a Boreal.
Se queres, então, desabafar
o desgosto de amor imenso
em vez de raiva soprar
eu apelo ao teu bom senso:
chora apenas chuva,
nesse teu lamentar,
e clareia a nuvem turva,
que tão bem te faz chorar!
18 comentários:
A semana ainda agora começou e já assim com a veia afinada!
Nem me fale me vento, por aqui leva tudo pelo ar.
Beijinho,
Uau! Muito lindo. O vento realmente parece zangado com alguém.
Excelente!
Excelente!
Lindo :)
E há ainda quem se lembre de lhe ofertar umas flores de aço. Umpfff!
Olá, Si.
Só vim ao seu blgue, hoje. Porque me havia deixado um apelo.
Mas estou de luto, sem isnpiração para comentar.
A música vem ao meu encontro...
Beijinhos.
O Vento fala, sim senhora. Manda recados, avisos. Sopra manso, dá conselhos, abranda a dor. E isto que digo não são só palavras e pelo título do teu texto entendes bem o que falo.
beijos ao Porto
Ao sabor do vento
li as tuas palavras
Me prenderam num momento
de tão belas e demoradas
E não é que ele se acalmou? Querem ver que agora tenho uma afilhada com poderes sobre os elementos...
Ou terá sido apenas coisa da CALENDÁRIA ? ( rsrsrs)
Bem, pelos menos o vento atiça-lhe a veia apoética.
Si,
Há um fado de Coimbra que diz que o Sol anda atrás da Lua!...
Quer ver que o vento por estes dias se enciumou e resolveu mostrar a sua revolta?...
Lindo!
tretices grandes para Si.
Carlos,
O vento andava muito insurecto, alguém tinha de o por na ordem, não acha??
Nada que uma conversinha de pé de orelha não resolva (pelo menos por hoje), até porque a CANDELÁRIA já andou a espalhar uns boatos por aí....
rsrsrsr
O vento gosta que lhe contem histórias, Si, porque não há dúvida que se acalmou. E eu fiquei a saber a origem deste vendaval todo - claro que só podia ser coisa de ciúmes ou de desamores! - e da Aurora Boreal, quem diria!
Beijinhos e boa semana.
Humm era capaz de dizer que conseguiste falar-lhe ao coração, pelo menos por cá ainda não apareceu hoje, apenas uma leve arajem...
está lindo o teu poema
Ah, se é por amor está explicado.
Mas, como quase todos os representantes do sexo masculino não sabe que não é a ventar desta maneira que apanha a lua.
Ainda mais se ela já se encantou com outro.
Talvez um ventinho manso e quente vindo do mediterrâneo, acompanhado dos mistérios do norte de África.
Temos que lhes ensinar tudo:)
Lindo Si.
Beijinhos
U ma coisa é certa...Que o vento nos põe em sentido, lá isso põe e por muito que barafustemos ele vence sempre!
Está decidido, este blogue vai ficar, definitivamente, "debaixo de olho".
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