Foto internet
Sento-me num rochedo que conheço bem, onde a calma invade o espírito com o bater das ondas em movimentos ritmados, e abro o computador.
Tenho lá guardada uma pasta, para onde vou descarregando as múltiplas ideias que me perspassam a moleirinha, um caderno de apontamentos que só não está riscado, safado, esbodegado e marcado do lápis, porque é muito mais fácil carregar no delete.
É com alguma fúria que bato com os dedos no teclado.
Hoje o dia foi pesado. Muito pesado.
Com as decisões difíceis, com os olhares de crítica, com as insatisfações de gente mesquinha e tortuosa, posso eu bem.
Com as injustiças humanas, ambições desmedidas de poder, misérias e outros desatinos comuns, sofro, mas a vida é assim.
Agora com injustiças divinas, daquelas que castigam e desabam como a espada de Démocles em cima de cabeças inocentes, sem apelo nem agravo, devastadoras e desoladoras, sinto-me completamente impotente.
Um destino que ainda não tinha começado, acabou de repente.
Sem explicação, sem aviso, sem nenhum sintoma.
Dois dias antes do parto previsto, o feto desistiu de viver.
Assim.
Tal e qual.
Não dá para escrever mais, porque nem quero sentir.
Há 17 anos, podia ter-me acontecido o mesmo.
Sento-me num rochedo que conheço bem, onde a calma invade o espírito com o bater das ondas em movimentos ritmados, e abro o computador.
Tenho lá guardada uma pasta, para onde vou descarregando as múltiplas ideias que me perspassam a moleirinha, um caderno de apontamentos que só não está riscado, safado, esbodegado e marcado do lápis, porque é muito mais fácil carregar no delete.
É com alguma fúria que bato com os dedos no teclado.
Hoje o dia foi pesado. Muito pesado.
Com as decisões difíceis, com os olhares de crítica, com as insatisfações de gente mesquinha e tortuosa, posso eu bem.
Com as injustiças humanas, ambições desmedidas de poder, misérias e outros desatinos comuns, sofro, mas a vida é assim.
Agora com injustiças divinas, daquelas que castigam e desabam como a espada de Démocles em cima de cabeças inocentes, sem apelo nem agravo, devastadoras e desoladoras, sinto-me completamente impotente.
Porquê?
O que é que se passou?
Que prepotência decidiu que tinha que ser assim?
O que é que se passou?
Que prepotência decidiu que tinha que ser assim?
Um destino que ainda não tinha começado, acabou de repente.
Sem explicação, sem aviso, sem nenhum sintoma.
Dois dias antes do parto previsto, o feto desistiu de viver.
Assim.
Tal e qual.
Não dá para escrever mais, porque nem quero sentir.
Há 17 anos, podia ter-me acontecido o mesmo.
nota: post imprevisto e sofrido, que substituiu o agendado....
18 comentários:
Mas não te aconteceu porque DEUS entendeu que tu merecias ser prendada com essa dádiva maravilhosa que é a ser MÃE.
Lamento que muitas mulheres desejosas de o ser, o não consigam, umas por uns motivos , outras por outros e por outro lado, muitas mulheres que não merecem ter esse estatuto, o são e cometem os mais cruéis crimes.
Fica com o teu Maravilhoso Mar, é lá que meditas e é ele quete inspira a escrever coisas tão belas.
Um bom dia para ti.
Eu sei o que isso é; não porque se passou comigo, mas porque se passou algo semelhante com alguém que me é próximo.
Infelizmente todos conhecemos casos desses, pessoalmente acho que nao aguentaria se me acontecesse algo semelhante.
Por vezes a vida e cruel com quem menos merece.
Beijinho.
E perder um filho na flor da idade?!
Também questiono a justiça divina se ela existir...
Abraço
Também sei do que se trata. Não foi comigo, mas com completamente próximo. Também nas vésperas, desistiu de viver. Assim, sem mais nada. O que é que se diz? O que é que se faz? Como se reage? Como se vai a um enterro destes? Não sei, não soube na altura e continuo sem saber. E ainda hoje se fala, entre nós, muito raramente do assunto. Nem a devida distância, curou alguma coisa.
Mais uma estrela no céu? Não sei, mas queria muito acreditar que sim.
Beijinho de luz.
António,
Todas as mulheres que o desejam deviam ter a mesma oportunidade e ontem, precisamente ontem, alguém conhecido a perdeu.
Nem o mar consegue acalmar um desatino destes.
Gi,
Não passámos por lá, logo não sabemos. Ficamos apenas egoistica e paradoxalmente contentes com isso e com a oportunidade que arbitariamente nos foi dada.
Miepeee,
Ninguém merece uma coisa destas, muito menos quem nem chegou a nascer.
Rosa,
Também conheço essa violência cometida a alguém amigo. Nunca chegaram a superá-lo. INjustiça, enorme, que de divina não tem nada.
Patti,
Também não sei. Só sei que estou esganada de revolta e tristeza.
Era o 1º filho, o 1º neto, da 1ª e única filha que um amigo teve.
E a mãe, que já usava este título com orgulho, teve que desistir dele porque não o chegou a ser.
Há lá raiva maior que esta?
Á coisas que nos ultrapassam, esta é uma delas, assim como crianças que sofrem de doenças sem terem tido tempo sequer de viver para as poder contrair...perder um filho, nem quero pensar.
Li um relato na primeira pessoa de um caso destes aqui mesmo num blog,sei que me impressionou de tal forma que não conseguia parar de chorar, felizmente a pessoa em questão conseguiu engravidar novamente e ter o seu filho, mas faz questão de dizer que um não assume o lugar do outro, diz que tem dois filhos um na terra outro no ceú. Que Deus me proteja os dois aqui na terra, é o que mais peço...
De dentro para fora,
É o que todos pedimos; haja é algo ou alguém que sempre nos ouça e isso, pelos vistos, nem sempre acontece.
Muito triste. Perdi uma gravidez, ainda no início. Nem era a primeira, mas arrasou-me. Suponho que no final da gravidez a dor seja ainda mais sentida...
Beijinhos.
Quando ficamos grávidas, todas nós sabemos que nos primeiros meses existe algum risco de aborto espontâneo, daí o hábito de algumas futuras mães não anunciarem o seu estado nem comprarem nada para o futuro bebé senão passado o 3º mês. Mas uma morte assim quando o filho já é uma presença certa, deve ser terrível. Os meus dois filhos, como gémeos que são, nasceram prematuros e não tive a certeza da sobrevivência do meu filho senão uns dias depois do nascimento. Acredite que não voltei a ser a mesma pessoa, apesar de tudo ter acabado bem.
Filoxera
Não é que a dor não seja tão intensa, essa será, talvez, apenas diferente. Seja porque psicologica e estatisticamente, o início das gravidezes é mais problemático, ou porque pura e simplesmente ainda não tivemos tanto tempo para nos habituarmos àquela presença, lhe imaginarmos o olhar, o sorriso ou a cor do cabelo. Digo eu, não sei...
Fada,
Celebrar, no mesmo dia, o nascimento da minha filha e a morte de um filho de outra mãe, foi duro. Fez-me reflectir muito e apreciar ainda mais aquilo que às vezes tomamos como certo e tantas outras se nos escapa por entre os dedos. Tal e qual como aconteceu.
Cara Si, através do António, cheguei ao teu blog, ainda bem que assim foi.
em relação á justiça divina, nem quero me pronunciar, tb sou mãe e nem sei onde estaria se tivesse de passar por isso.apenas sei que são experiências ardilosas,mas que por algum motivo surgem...talvez uma aprendizagem forçada do qual frágil e preciosa a vida humana é. espero que tudo seja ultrapassado a seu tempo, com força e coragem.
bjs endiabrados
Sonhos,
Acho que não vale a pena tentarmos arranjar justificações para o injustificável. Para sermos mais fortes precisamos que nos roubem, no último momento, aquilo que cresceu dentro de nós??
Não foi comigo e, mesmo assim, não consigo arranjar razões...
Sei bem o que isso é.
Abortei 3 vezes espontâneamente, embora de fetos com menos de 3 meses, e sei o que sofri.
Então fazer um funeral de um anjinho assim deve ser muito doloroso.
Espero e desejo que a sua amiga consiga ter outros filhos.
Beijinhos de mim para SI
Velvet,
obrigada pelas suas palavras. E também espero que sim, pelo menos para compensar este e outros bofetões que a vida lhes pregou.
P.S. Tal como deve ter reparado, hoje não distribui prendinhas a ninguém. Não tenho vontade, porque quando o faço é de coração aberto e hoje ele andou arredio.
Mas amanhã volto a entegá-las. É um novo dia e a disposição melhor será.
Triste. Muito triste. Desculpe não comentar.
Não se passou comigo, de facto; passou-se com a minha mãe, e eu sofri com ela.
40 semanas à espera do nosso mais que tudo,filho, e depois acontecer essa desgraça é uma cruz dolorosa de carregar.Como Pai nem consigo imaginar.
Minha solidariedade para quem sofre este tremendo sofrimento.
PO
vilaforte
Enviar um comentário