quinta-feira, 7 de outubro de 2010

(re)nascer



Morrera.
Partira, sem dizer adeus, de sorriso aberto nos lábios, confiante que entre o cerrar das pálpebras e o despertar, deslizando sobre o rubro tapete de acesso à eternidade, não demoraria mais do que um pestanejar.
Tal era a sua fé.
E caminhou, segura nos passos, na direcção, no sentido das coisas.
Aqui e ali, despojou-se dos pequenos fardos da existência, pendurando os abafos de mágoas, pousando as malas de recordações, aliviando-se do aperto de amarras, transparecendo-se.
Lavou-se, despida e desnuda de porquês e de razões, purificou-se, atravessando o crivo finíssimo da imperfeição.
Estava pronta.
Aninhou-se em posição fetal e guardou-se, aguardando um novo acordar, ali, onde a consciência guarda a alma.

5 comentários:

Justine disse...

Sim, às vezes é preciso deixar tudo para trás, parar um pouco e recomeçar de novo...
E disseste-o de uma maneira muito bela!

paulofski disse...

E seria tão simples se assim fosse!

Unknown disse...

Tanta beleza e sensibilidade nas palavras.Texto a arquivar ,digo eu.
Abraço longo.longo.

Rosa dos Ventos disse...

Ela voltará!

Abraço

Patti disse...

Eu cá, vou ficar sempre à espera dos reacordares da vida.