Não gosto de crepúsculos.
Fascina-me o poético púrpura vespertino, quando me aquieto, observando o movimento astral, mas incomoda-me a indefinição das sombras, aquela nebulosa indecisão entre a claridade reveladora e a escuridão uniforme.
Não gosto de crepúsculos, nem mesmo dos cíclicos, que acinzentam olhares outrora vivaços e teimam em libertar fantasmas antigos, a coberto do lusco-fusco, insinuando-se como destinos fatais.
E não gosto de crepúsculos que se entranham na pele e no sangue e as caras se fecham em Invernos taciturnos.
E como não gosto de crepúsculos, reclamo o sol, a luz e o dia, ou as estrelas, o breu e a noite, escurecidos ou iluminados, esclarecidos, pelo menos, nas imagens que me dão ou não.
Por mim é simples. Eliminem-se.
Porque eu não gosto de crepúsculos.
5 comentários:
Será, talvez, porque a noite é a mais pura definição para mistério e o crepúsculo, simplesmete a antecede?
E de lusco-fusco gostas? :-))
Eu gosto do crepúsculo da natureza mas não do humano...embora nem todos se vão "apagando" da mesma maneira...
Abraço
Tens todo o direito. Mas o crepúsculo, qualquer que ele seja, tem por vezes tanta, tanta beleza!
E sem o crepúsculo, como terias feito um texto assim belo?
Gosto de crepúsculos sempre que a luz habita em mim...
Eu gosto de crepúsculos, gosto de ver o manto da noite cobrindo o dia.
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