domingo, 27 de setembro de 2009
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
(re)confortos # 1

apenas transferem de uma para outra a existência do sujeito.
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
o dedo na ferida
Quem me segue desde o início, mesmo antes de ter um blog meu, sabe que em finais de 2007, por questões profissionais, estive uma semana em Shenzhen, uma cidade do sudoeste da China, fronteiriça com Hong-Kong e povoada por 14 milhões de habitantes.
O que este vídeo revela, infelizmente, não é ficção. Assisti a cenas quase iguais, apenas com uma diferença: a idosa e a estudante que as protagonizaram não faziam qualquer tipo de triagem; sentadas sobre os calcanhares, no meio da passagem aérea em frente ao nosso Hotel, aproveitavam o crepúsculo para, com menos vergonha, inclinar o balde do lixo e de lá comer directamente.
Em ambas as situações, pedimos aos nossos anfitriões que esperassem um pouco para lhes podermos comprar comida. Recusaram educadamente, porque a polícia estaria demasiado perto. Coincidência ou não, nunca mais as vimos depois disso.
E, a este propósito, pergunto: que conclusões tirar sobre a comparação entre os hábitos dos povos chineses e portugueses, uns com uma tradição milenar de espírito de sacrifício colectivo e de trabalhadores altamente produtivos, outros com rendimentos mínimos, subsídios de desemprego e baixíssimos indíces de produtividade, perante a crise financeira que se abateu sobre o planeta?
Ah! E sugiro que, antes de responderem, se lembrem primeiro daquilo que ficou na travessa e no prato do vosso jantar de ontem...
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
o diário de maria emília


quinta-feira, 10 de setembro de 2009
terá sido???

segunda-feira, 7 de setembro de 2009
aldeia do coração

A segunda carga, que leva os moletes duros em calhau, cascas de banana, maçãs apodrecidas, laranjas azedas e talos de penca mordidos de caracois, já está a ser reclamada há muito. Negrito, um burro alto como um cavalo, zurra desde que a Bininha estrondou a porta lá em cima, ansioso por meter a pata nos petiscos que aí vinham. Não sejas bruto, burro, daqui a nada comes balde e tudo, apre! Feliz, o asno fecha os olhos e abre os lábios, a mostrar aqueles enormes dentes brancos no terroque, terroque, terroque das pedras-pão, placidamente mastigadas como se fossem frescas, a sair quentinhas do forno a lenha.
e corridas desenfreadas para o hospital em busca de oxigénio. Menos mal, as dores nas costas passam quando, logo, à tardinha, tomar um duche bem quente, que agora ainda é preciso cavar a batata, a ver se não lhe dá o arejo, regar as couves, apanhar as vagens, tirar uma alface e alguns tomates para fazer a salada do almoço e, por falar nisso, agora me lembro, Ó Zé!!, Zééé!!! - Diga, minha mãe? - respondem de lá de cima - Não te esqueças de botar mais duas mãos de arroz na panela, que os cães precisam de comer!!
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
vacances
E eu lembro-me de o ver passar, a desconchavar-se todo, a traseira da direita, mais do que a da esquerda, vergado pelo peso da bagagem. Ao ritmo sacudido de uma suspensão que já conhecera melhores dias, fazia a estrada sobre o alcatrão remendado, e quase nunca renovado, catapum sobre um buraco, upa sobre uma lomba, vê lá, Maria do Sameiro, se não te oubliaste de rien, hãn, as braçadeiras que os putos usaram no tanque, o passe-vite dos pastéis de bacalhau, mais a cadeira da tua mãe, la méchante, também é de manias, mas vão bem uma com a outra, a poltrona com a pastelona, ehehehe, oh, lá, lá, percebeste, ó Maria do Sameiro, esta que eu disse, da poltrona com a pastelona, percebeste?? Ó Sertório Manuel, deixa lá a minha mãe em paz e olha-me mas é para a route, morcão, que estes buracos dão-me cabo das cruzes, e eu quero lá chegar ainda de dia, que levo aqui uma roupita para estender, 'tás a écoutar-me? Alors, se é para dizer des conneries, cala-te lá homem, o Ivandro Christophe já adormeceu, e tu, Sandrina Marise, deixa-te de bétises e de catar macacos do nariz, qu'inda levas uma lamparina é já a seguir, compriste?? 

