Querido Diário,
Não sei mais o que fazer. O Laurentino(a) anda outra vez com um humor que não se atura, os chiliques, quase-desmaios, calores e afrontamentos andam a dar comigo em doida, pois agora é porque está frio e ó mulher tu fecha-me essa porta da cozinha, que tu estás é a ver se me matas com a aragem que vem de lá da fábrica das salsichas e 'inda me pregas uma pneumonia, e logo a seguir é porque está um calor de morrer, e ó 'Mila, tu já não me queres, 'tás é a ver se me abafas de vez, eu tou velho(a) e acabado(a), mais valia tu temperares a comida com pó das formigas e prontos acabava-se tudo.
O médico bem me disse que ia ser difícil, mas eu não acreditei e agora até me sinto culpada de, na última vez que fui à Missa, ter comungado, de raiva engoli a hóstia inteirinha e sem me ter confessado, que nem coragem tenho de dizer estas coisas ao Padre Lino, ele ainda iria pensar que eu era uma daquelas doidivanas que se esfregam todas umas nas outras, credo!
A única pessoa que me entende é a Amélinha, aquela vizinha amiga do peito, que vive aqui na entrada ao lado.
É ela que me tem dado muito apoio, aquela mulher sabe destas coisas da vida e não é pouco! Então não é que descobriu que o meu Laurentino(a) não era caso único e que até havia mais ermoflogistas por esse mundo fora, que dão para os dois lados porque as miudezas de dentro estão todas misturadas??
Olha, querido Diário, parece-me que é ela que vem a descer a rua para ir à padaria do Onofre, já lhe ouço o toc-toc dos chinelinhos de plumas no passeio. Vou ter com ela antes que o Laurentino(a) acorde, ele(a) não morre de amores pela Amélinha, cá para mim deve ser ciumeira, que queres que lhe faça?
Ó Amélinhaaaa, filha, espera por mim!!!!....
10 comentários:
muito bom:)
bj
teresa
Ó vizinha, olhe que eu se fosse a si não me fiava nessa lambisgóia, vá por mim, ouça o que eu lhe digo! Ela farta-se de colocar lá no canto dela desses tais de ermoflogistas. Eu que os conheço à légua ninguém me engana. Sonsa ainda por cima se põe a dizer que lhe falta o ar... Cá por mim prefiro as Laurentinas, aquelas cervejas fresquinhas de Moçambique.
Ai estas duas vizinhas,muitas estórias devem ter para contar...
É melhor não confiar no padre...andam com ideias malucas armas e coisa e tal.
Pronto filha, já lá vou, já lá vou!
Mas que gritaria esta gente escandinava é um berreiro que Deus te livre...
Olha que essa Maria Emilia mais a Amelinha fazem um "par de França" do caneco! hehehehehe
Por aqui andam os calores. Já na porta ao lado andam as insônias. Ainda bem que vim pra longe para não apanhar com nenhuma das duas.
E eu a pensar que a sua Emilinha era de um bairro do porto, vai-se a ver deve-se meter num brozidróglio e vir a caminho de Lisboa ter com a Amélinha.
Não admira que o Laurentino laureie por aí a pevide, pois 'tá claro!
Gostei do que li!
Beijinhos
Que bela diversão:)))))
E prontes... Lá vão as vizinhas toda a manhã taraguelar para a janela e coscuvilhar a vida alheia. A de cima agora começou a sentir calores depois de ver o paiol do padre. A de baixo converteu-se a Jesus depois de saber que o Quique assinou contrato com a Orsi. Vou mas é para o tasco tomar um cafézinho que eu não me meto na vida de ninguém...!
Mas que vizinhança divertida! :-))
Abraço
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